Preocupação
Excesso de barulho nas escolas pode gerar estresse, problemas de aprendizagem e até danos à audição
Plantão Publicada em 22/02/2010 às 15h46mO Globo
RIO - O barulho em sala de aula, reclamação de muitos professores, pode no entanto esconder um sério problema: os danos à audição, que podem ser sentidos somente na idade adulta, mas que têm início nos primeiros anos de escola, em meio ao ruído excessivo nas salas de aula.
Estudo realizado pela Universidade de Oldenburg, na Alemanha, confirmou que em muitos colégios o barulho nas salas de aula passa do tolerável.
No Brasil, alguns colégios particulares já se preocupam com o tema. É o caso do paulistano Santo Américo, no Morumbi, que conscientiza alunos do 1º ao 9º ano com os chamados ruidômetros - cartazes que trazem uma escala subjetiva de barulho que vai de 0 a 10. Quando professor ou aluno fica incomodado com a barulheira, muda o prendedor para os números mais altos para chamar a atenção de todos.
Com o passar do tempo, aluno e professor, expostos diariamente a sons altos, podem ter a audição comprometida, já que a perda auditiva induzida por ruído (PAIR) tem efeito cumulativo. Quanto maior a frequência a ambientes barulhentos ao longo da vida, maiores as chances de danos. No ambiente escolar, a gritaria da turma, somada aos ruídos que vêm da rua e do trânsito, prejudica o bem-estar de todos, comprometendo não apenas a concentração e aprendizagem, mas também os ouvidos.
O limite suportável para o ouvido humano é de 65 decibéis, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Acima disso, o organismo começa a sofrer danos. Para as salas de aula, a Associação Brasileira de Normas Técnicas estipula que o limite tolerado é de 40 a 50 decibéis. Muitas classes, no entanto, atingem 75 decibéis, principalmente as que têm mais de 25 estudantes. Além disso, o barulho no pátio, na hora do recreio, pode chegar a mais de 100 decibéis.
- Pais e professores precisam estar atentos para problemas de déficit auditivo de seus filhos e alunos, que muitas vezes passam despercebidos. É necessário medir a audição das crianças, principalmente no início da fase escolar, para evitar problemas de aprendizagem, futuros danos auditivos ou mesmo o agravamento de distúrbios já existentes - aconselha a fonoaudióloga Isabela Gomes, do Centro Auditivo Telex.
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